"Sabendo que as identidades de gênero e sexuais, são construções sociais que envolvem valores, sentimentos e desejos, assim são também carregadas de relações de poder. Desta forma, os artistas Stélio Constantino Barbosa e Nizael Flores de Almeida iniciaram a intervenção artística urbana denominada “SobreSaltos” em Dourados-MS com intuito de fomentar discussões e propor a desconstrução de alguns paradigmas sobre o gênero. 
O Trabalho já percorreu diversas cidades de Mato Grosso do Sul, São Paulo, Pernambuco, Rio de Janeiro e futuramente no Paraná e Santa Catarina, tendo despertado diversas (re)ações nos diversos públicos. O trabalho nasce da necessidade do artista transcender o espaço público e como matriz para a construção de espetáculo teatral, esta ação incita outros artistas e promove o “encontro” de performers, bailarinos e atores de diversas partes do país. “SobreSaltos” busca o estranhamento no cotidiano e atingir o público transeunte, nem sempre acostumado e frequentador de espaços artísticos, exposições, teatros, etc. Partindo-se do pressuposto que “homens não usam salto” e que este tipo de calçado é próprio do universo feminino, a presença de um ou mais homens em espaços públicos transitando com vestimentas masculinas e propondo uma caminhada natural (própria de seu corpo adequado ao salto-alto e evitando estereótipos da sexualidade) provoca no transeunte o “estranhamento” que reage ao estranho. 
Sendo esta prática comunicativa seja para o performer com o espaço, o performer com o transeunte e/ou os inversos também são possíveis. Esta prática comunicativa, quase sempre silenciosa é rica para o performer e pode provocar reflexões posteriores e imediatas em quem “estranha” homens que caminham de salto. 
Nesse mundo de identidades transitórias e fragmentadas de sujeitos negados, propomos uma abordagem do “SobreSaltos”, para dar visibilidade à minorias marginalizadas: gays, lésbicas, mulheres, transexuais, travestis, etc. Acreditamos que a experiência de ver nas ruas homens calçando e caminhando de salto-altos pode despertar sensivelmente a sociedade para 
(re)pensar a diversidade e sexualidade em seus contextos."